(Versão extensa, não adaptada)
Felicidade. Um conceito ilusório, inimaginável, surreal. Não acredito que não exista, apenas sei que este sentimento se encontra numa realidade distante da minha.
A Decadência é a perda total da inconsciência; porque a inconsciência é o fundamento da vida.
Considero a versão barata de “felicidade”, aquela proveniente da inconsciência e ignorância, completamente falsa. Não deixa de ser a mais comum, e talvez até seja melhor assim, quem sabe. Mas é falsa. Seja negando o mal que existe ou não tendo ainda conhecimento dele. Quando nos tornamos conscientes de tudo ao nosso redor, instala-se um desassossego nas nossas mentes, impedindo qualquer estabilidade necessária. Dando início à decadência. Tanta dor. Tanta ansiedade. Tanta coisa que não consigo compreender e aceitar. Impossível ignorar.
Basta observamos o que se passa no mundo, basta ter consciência, experiência, noção da progressiva e crescente perda da pouca humanidade que nos resta. Magoamos e destruímo-nos uns aos outros, inflingindo dor na nossa própria raça, e tirando prazer disso. O homem é, ele próprio, o seu maior inimigo. Somos a principal causa de infelicidade uns dos outros.
Para além disso, a natureza humana é de profunda insatisfação. Quando pensamos que estamos completos, queremos outra coisa. Queremos sempre o que não temos e nunca poderemos ter. Nunca estamos completos. Com o tempo, tudo deixa de ser suficiente. Estamos numa constante procura de algo para preencher o vazio das nossas almas. Mais instabilidade.
Felicidade. Um estado praticamente inalcançável, na sua plenitude. O homem inconsciente possui uma felicidade traiçoeira, e o homem consciente é raramente capaz de compreender e aceitar a evidente auto-destruição da raça humana e a dor existente, e de satisfazer a sua necessidade insaciável do que nunca poderá ter. Pelo menos sei que eu não sou.
Texto de Carolina Ribeiro (imapunie)
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