Parte 2
«Já começo a sentir algo, este algo existe. Mas é triste, é nojento e não quero ter de levar com isto. Porque eu, quando podia ter sido outro qualquer. Outro qualquer… a sentir isto… esta consciência…este nojo… esta vida…»
Sensação de desespero e pensamentos suicidas. É mais comum do que se pensa. Pode acontecer de repente, ou talvez seja recorrente. Não devia ocupar a vida de ninguém. Mas é o que nos acontece, infelizmente. E lidar com isto não se torna fácil. E muitos nunca conseguem ultrapassar isso, acabando por cometer o inevitável. E penso que não é isso que queremos. Torna-se difícil falar sobre isto, especialmente para quem está ou pretende estar envolvido socialmente com certos grupos. Se sentem algo, não tenham medo de pedir para falar com algum psicólogo. Eu decidi faze-lo e posso dizer que é uma boa experiência. Podermos conhecer-nos a nós próprios. Para quem ainda sente algum receio, existem psicólogos na escola que podem ajudar nesse assunto.
Algo que também se pode manifestar com a depressão é a ansiedade e os ataques de pânico. Ansiedade é algo muito recorrente para quem sofre de depressão. Sempre que temos medo de algo, o nosso corpo reage de forma a proteger o que está para “atacar”. No entanto, o pior surge quando este começa também a afetar o nosso raciocínio. Pode parecer um mecanismo de autodefesa que se torna bastante útil em certas situações, nisso não estão errados. O problema aparece verdadeiramente quando este mecanismo se torna limitador. Os nervos e o medo possuem uma intensidade tão grande que não conseguimos pensar de forma lógica pois não estamos capazes para tal. O exemplo mais comum poderia ser o do teste de matemática. Estudaste o máximo que conseguias e soubeste fazer 90% dos exercícios, mas durante o teste as coisas são diferentes, basta não saber responder a uma única pergunta e a sensação de desespero ataca. Se não der para responder ao primeiro olhar o medo de falhar toma conta da tua capacidade de raciocinar corretamente. E isso leva a um extremo: ataques de pânico.
Ataques de pânico são um fenómeno físico que resulta da ansiedade. Quando esta chega a níveis extremos, o batimento cardíaco é bastante acelerado e é libertada adrenalina em quantidades abundantes. Para quem já sentiu estes sintomas, sabe do que falo. É como se fosse existisse um bloqueio nas vias respiratórias que não permite respirar normalmente. Torna-se difícil. Estamos em pânico e só queremos estar calmos, mas é impossível. Nesta mesma altura, o medo é também extremo. Medo de morrer é também comum, pois tudo à nossa volta se torna ameaçador. Os sintomas são considerados semelhantes a um ataque cardíaco, o que torna esta experiência uma das mais desagradáveis que já tive. É bastante violenta e descontrolada. Falar destas experiências com um psicólogo é recomendável, experiências destas podem ser traumáticas e podem causar um desconforto futuro. Mais uma vez, não tenham medo. Esta é, embora difícil, a melhor forma de atenuar estas sensações e de, eventualmente, acabar com este sofrimento de vez. Se for possível, falem com um ou mais amigos. Se existir um nível confortável de confiança entre vós, então aconselho. Ninguém melhor do que pessoas que nos entendem até certo ponto para ajudar a ultrapassar estes medos todos.
«Dormindo nos parques do Inferno Está minha alma, que já jaz. Meu corpo frio, um Inverno Que consigo desespero traz.»
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