top of page
Foto do escritorMCEA

Até que a vida morta nos separe…

Atualizado: 29 de ago. de 2019

Parte 5

«A cura parece distante… Mas será que ela existe? Sou apenas maluco e nada mais. Mas eu gosto de ser maluco. Gosto da solidão e do desespero. Gosto de sentir que nada nem ninguém gosta de mim. Afinal, o propósito é inútil pois ele não existe. Não existem razões para viver. A morte anula tudo. Já pensei nisto tudo e já revi isto vezes sem conta. Então porque é que estou aqui? À frente desta porta? Porque é que quis vir aqui em primeiro lugar? Não sei bem, mas talvez a psicóloga lá dentro me ajude a descobrir.»
 

Olá a todos, o meu nome é Diogo, sou do 12ºA e tenho 17 anos. Quero desde já agradecer a todos os que acompanharam o que escrevi. É algo que me toca muito como já devem ter reparado. Tenho vivido com este problema desde os meus 10 anos. No entanto, não se tornou evidente até eu ter 15 anos. Comecei a sentir-me triste com alguma frequência e às vezes nem entendia o porquê. Passei a adorar isolar-me e o escuro maioritariamente. Pois sentia que era onde eu pensava melhor. Isto aos poucos destruiu-me por dentro, pois dormia cerca de 3/4 horas por dia e pensava muito na morte. Com os meus 16 anos o problema piorou. Comecei a ter um insucesso escolar enorme no ano que considero mais difícil (11º) e comecei a piorar. Ansiedade passou a ser comum na minha vida e cheguei a uma altura onde o stress e a pressão eram tão elevados que tive o meu primeiro ataque de pânico. Foi um momento horrível. Estava no meio da rua e só me apetecia esconder. Tive medo de toda a gente e apeteceu-me matar quem se atravessasse no meu caminho. Tive medos que achei que não fossem possíveis. Passei 3 meses a sofrer com uma depressão extrema. Chorava quando entrava numa sala de aula. Não tinha qualquer plano futuro e sentia-me vazio grande parte das vezes. Foi nessa altura que me apercebi que a vida em si não tem significado. E é nisso que acredito até hoje. Aos meus 17 anos aprendi a lidar com isto. Aprendi a viver deprimido. Mas cheguei a um ponto onde já não conseguia mais. E decidi ir a uma psicóloga. Não queria que os eventos passados se voltassem a repetir. E posso dizer que tem sido uma experiência fantástica. Falar com alguém que percebe mais do que nós. A depressão não desapareceu e eu também não ajudo. Não tomo qualquer tipo de comprimidos. Foi uma decisão minha. O meu cérebro não reage bem a antidepressivos e a calmantes. É como só houvesse um bloqueio. E isso não é o mais adequado. Mas é uma doença e os comprimidos receitados são uma mais valia. A minha história pode relacionar-se com a de vocês, ou talvez não, o importante é que a mensagem foi espalhada. Com ou sem propósito, espero que todos tenham gostado. As frases iniciais de cada parte fazem parte de momentos da minha vida. Por ordem cronológica, decidi mostrar um pouco aquilo que foi e ainda é a minha cabeça, que se assemelha a alguém que sofre de depressão há muito tempo. O poema foi escrito por Vladimir Nikolayevich Smirnov para este fim específico. Foi algo que achei bastante pertinente para algo deste género. É uma excelente representação do que acabei de falar. O poema está distribuído em 5 partes assim como o artigo. Espero mesmo que todos tenham apreciado e aprendido um pouco com o que acabei de escrever. Este será um adeus mas não por muito tempo, voltarei com outras ideias e projetos. Muito obrigado também ao MCEA e a todos os envolvidos.

 
«E cada dia passa lentamente. Tortura, agonia e ansiedade. Meu corpo na cama jaz dormente: Fruto da destroçada sociedade…»

Escrito por: Diogo Santos, Rafael Moura Revisão feita por: Elizabete Ribeiro

 

Especial agradecimento ao MCEA por permitir que tal fosse publicado.


4 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Quem sou eu?

Heart Beat

Comments


bottom of page