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Foto do escritorMCEA

Frio, neve e casas de gengibre

Sempre pensei em voluntariado, mas sempre me pareceu algo distante e complexo, quase inalcançável. No entanto, logo no início do ano passado, tive a maravilhosa oportunidade de conhecer de perto a AFS e de contribuir para a sua missão: promover a paz no mundo através da compreensão entre povos! Parece complicado, e acho que seria se não fosse a grande rede de voluntários que permite que as coisas aconteçam, mas aquilo que fazemos é dar apoio a jovens estudantes do ensino secundário que fazem o programa AFS – jovens que vivem durante um período ou ano lectivo completo num país à sua escolha a fazer intercâmbio.

Ao início, durante os meus primeiros meses de voluntariado, não via aquilo como algo “benéfico” para o mundo, era simplesmente divertido (e ainda é), mas hoje sei que por mais simples que sejam as minhas tarefas estou a trabalhar para um bem maior. Vivemos dias em que a falta de compreensão entre culturas tem trazido cada vez mais problemas a nível mundial, problemas que têm um impacto direto e significativo nas vidas de milhares de inocentes. Ao fim de um ano consegui ver na AFS algumas centenas de jovens dos mais variados países (Rússia, Tailândia, Gronelândia, Portugal e Argentina – apenas para enumerar alguns) a conviver em perfeita harmonia, sem preconceitos e isso faz-me acreditar naquilo que faço e num futuro melhor.

Em dezembro tive a sorte de ir para a Bélgica e ajudar no fim do Programa Trimestral de Cidadania Europeia (ECTP), onde 300 estudantes da Europa e Mediterrâneo se reuniram para refletir sobre as suas experiências (o intercâmbio) e aprender sobre a Europa, União Europeia e cidadania ativa. Não foi uma semana fácil mas definitivamente valeu a pena. Não há palavras para descrever aquilo que aconteceu. O frio, a neve, as casas de gengibre, uma cena saída dum conto de fadas, do tipo que começa com “era uma vez”, e a melhor parte: os voluntários, que ficarão para sempre gravados na minha memória, alguns, no coração. 

É incrível como uma semana pode ser suficiente para aproximar pessoas dos mais variados lugares unidas pelo mesmo interesse — o voluntariado — e que partilham sentimentos, histórias e sonhos em comum. E é ainda mais espantosa a maneira como quebramos a barreira intercultural — que talvez nem sequer exista — e como somos capazes de dar apoio uns aos outros mesmo que signifique abdicar do nosso próprio descanso. Foi uma semana de altruísmo, descoberta, aprendizagem e reflexão.

Agora que olho para trás, apesar de todo o cansaço e das horas de sono que não tive, não mudaria nada. Afinal cada experiência, seja ela agradável ou não, é sempre uma oportunidade de evolução e evoluir é sempre bom. Além de tudo aquilo que aprendi (paciência, organização, cooperação, orientação, etc) também finalmente compreendi o significado de “ir à luta”: coisas boas acontecem quando trabalhamos para isso e 2017 foi um ano de trabalho, trabalho que foi reconhecido e do qual me orgulho. Não posso deixar de agradecer a todas as pessoas que fizeram parte da minha vida até hoje. Aos amigos pela motivação, pelo incentivo e apoio, aos “desamigos” por me ensinar que a vida não é fácil, que temos de nos agarrar ao mais importante e perseguir os nossos sonhos.

Texto de Roberta Costa

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